quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Saga da Cozinha partes 1 e 2 - Crônicas do nó cego

Elisana sempre diz que gosta de coisas práticas, ao que o leitor desavisado pode ousar inquirir: "Por quê?"
A resposta é simples: porque os opostos se atraem.




A SAGA DA COZINHA


parte 1 - O BANCO

Ao comprar o jogo de cozinha, Elisana imediatamente pensou em fazer almofadas, afinal em casa de costureira ninguém senta em banco de madeira duro, certo? O jogo era composto de um banco em forma de "L" e uma mesa retangular. Para completar usava 2 cadeiras no lado oposto ao "L".

Tinha feito os bandôs para as janelas (reversíveis, caso enjoasse da estampa) e já tinha um pedaço de veludo em cor que combinava perfeitamente com os bandôs e seria a quantidade exata para as almofadas. Mas não poderia ficar aí...aham... porque tinha um tecido listrado que também ia combinar e assim decidiu incorporar ambos nas almofadas. Então pensou em fazer a almofada da quina com um lado de veludo e outro lado com o pano do bandô, além do listrado nas laterais... só prá dar uma variada caso enjoasse do visual. Por fim concluiu que tinha que ter zíper para poder tirar e lavar - na época a casa era habitada por um casal, uma menininha com menos de 2 anos e um bebê no útero... a previsão do futuro incluia coisas indevidas sendo derramadas, espremidas e rabiscadas nas almofadas, e elas teriam que tolerar o abuso.

Começou a fazer. Usou espuma que outrora fora cabeceira de sua cama (cabeceira?!?!). Fez uma capa simples para acomodar a espuma e cortou o veludo, o pano listrado e o pano do bandô.

Então ganhou um rolinho de torçal. Ô coisa boa!
Bem da cor do veludo. Ô diacho!

Agora vai inventar de colocar torçal em praticamente todas as costuras? Até nas costuras com zíper? Cruz credo! Ela e suas idéias! Depois que ganhou o torçal ficou um tempão sem tocar nos tecidos que já estavam cortados. Estava com medo de começar a fazer e demorar tanto, mas tanto, que não ia dar tempo de costurar mais nada em vida.... Enquanto debatia com a idéia e relutava em aceitá-la, dedicou seu tempo a finalizar outros projetos tamanho mamute (ousadia não lhe falta) que começara - muito nó cego para uma só crônica...

Não muito tempo depois o bebê nasceu. O final da gravidez trouxe fim também àquela vontade incoercível de costurar prá casa. Foram 9 meses de intensa atividade intra e extra uterina.

O parto mais uma vez a deixara impressionada, maravilhada. Nada menos que um milagre! Como pode? Concepção, gestação e nascimento são eventos transformadores. Apesar de a humanidade se valer desses eventos desde os primórdios, apesar da ciência e curiosidade humana, ainda não se pode explicar o processo tintin por tintin... nada menos que um milagre!

Assim que a nova rotina foi se estabelecendo e ela conseguiu sentar-se à máquina, encarou o torçal.... sem pensar muito começou a costurar de um lado do tecido, depois uniu esse lado com as laterais, depois costurou torçal no outro lado.... De pouco em pouco foi fazendo e sabe de uma coisa? Nem demorou tanto! Depois que o negócio engrenou foi bem mais fácil do que pensara. Deveria ter feito muito antes!





parte 2 - O PARTO DAS CADEIRAS

Já tinha terminado os bandôs e as almofadas. Crianças sujando almofada, capas de almofada sendo lavadas... Tudo tranquilo em sua casa, até que as cadeiras, que já tinham pertencido ao seu irmão e cunhada, exclamaram: FALTA! Afinal, elas sim já tinham tolerado abuso, e sem trégua!

Se pôs a pensar...

Tivera a intenção de cobrí-las com o pano listrado, mas porque pensou, foi um pouco mais adiante: e se fizesse uma aplicação usando o tecido do bandô? Legal, nunca vira nada igual! Aplicação em cadeira - que conceito interessante! Cortou o tecido listrado, fez os apliques, decidiu cobrir com vinil.... já que não dá prá colocar zíper em almofada de cadeira.... e ficou nisso, tudo preparado só esperando o dia que ela iria pregar o forro nas cadeiras.

A essa altura do campeonato, a casa era habitada por um casal, uma menina de 4 anos, um menino de 2 e outro no útero.

E ela enrolando prá terminar as cadeiras.

9 meses de gestação.

E ela enrolando prá terminar as cadeiras.

Aí um dia Elisana estava sentada no chão brincando com as crianças e sentiu seu quadril um tanto quanto "aberto" (perdão pela clareza da descrição).

No dia seguinte pediu para marcar consulta com a parteira, porque estava com um pouco de receio de dar a luz num espirro.

A parteira garantiu com um sorriso: "não é trabalho de parto ainda... mas você está com 7cm de dilatação."

Hein?

Elisana nem sabia que isso poderia acontecer. 7cm sem estar em trabalho de parto? Não espirra Elisana, NÃO ESPIRRA!

Chegou em casa na maior pressa! Cadê o forro para as cadeiras? Cadê o vinil? O grampeador de madeira? Cadê, cadê??? O marido foi colocar as crianças prá dormir e Elisana foi pregar pano em cadeira. O bebê não ia nascer antes que essas cadeiras estivessem cobertas! Ela temia que se tudo não estivesse preparado o bebê se recusaria a nascer. O marido veio ajudar depois que as crianças dormiram.

E umas 5 horas depois que foram renovadas, as cadeiras testemunharam quando a bolsa rompeu - um milagre começou a acontecer na cozinha. Agora sim, parto ativo. Até que enfim parto ativo! Tiveram outro parto domiciliar planejado. Elisana novamente se perguntando: mas como pode? 

E até hoje, Elisana continua maravilhada com o processo de gerar, gestar e trazer a luz uma vida. 

E ainda não enjoou do tecido do bandô, nem das almofadas, nem das cadeiras.



Fim
(ou Começo - depende do seu ponto de vista)




Agora as figurinhas : )

Clique nas imagens para ampliá-las


Bandôs




Almofadas







Material emborrachado de forrar prateleiras - aqui impede que as almofadas escorreguem

Torçal, torçal, torçal

e mais torçal

Cadeiras










  
Expert em virar móveis de cabeça prá baixo



 As lembranças mais doces




Tuca com 4 semanas
Bebê D, poucos minutos depois de nascer


7 comentários:

  1. Eu conheço essa historia bem de perto....hehehehe

    ResponderExcluir
  2. Eu conheço essa historia bem de perto....hehehehe

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. com certeza! amiga de enjôo de gravidez e de enjôo com torçal...
      bjo e obrigada pela amizade que me vale tanto!

      Excluir
  3. Além de ótima costureira, é também ótima escritora, e decoradora. Lindo conjunto de madeira, bandô e almofadas.
    As fotos em preto e branco podem ser capas de revista, de tão naturais....

    ResponderExcluir
  4. Elisana!!!

    Quando saí daqui há pouco, enteei no google para pesquisar como pregar torçal, e olha onde entrei de novo!
    Que postagem linda, tu escreve muito bem, nossa! as fotos em preto e branco são hipnotizadoras, belíssimas!

    E os benditos torçais kkk então tu, também, já passou pela fase de medo com eles? kkk

    Menina, como eu não vi essa postagem, onde eu estava? não entendi rsrs

    amei o banco, as almofadas e o bandô, muito!!!

    bjs

    ResponderExcluir
  5. Imagino tudo o que você vai fazer quando as crianças crescerem e você tiver mais tempo livre... Acho que ainda vou ouvir muito falar de você...

    ResponderExcluir
  6. Maravilha de texto! De cadeiras! De almofadas! De texto, de texto, de texto!
    1000 beijos

    ResponderExcluir